Em 2015 aderi e com muito orgulho ao grupo de escrita CPR - Reanimação da Escrita e em 7 semanas fomos desafiados a escrever textos sobre diferentes temas, estes foram os meus textos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7. A boa notícia é que estamos de volta em 2016 com um tema por mês e em Janeiro foi mês de Recomeços. Este foi o meu texto e chama-se Recomeçando:
Ele:
Eras o meu lugar favorito,
era contigo, ao teu lado, dentro de ti, onde gostava de estar, onde me sentia
mais eu, onde escrevi as palavras mais bonitas de sempre, onde tudo se
encaixava, eramos perfeitos, unos. Ao teu lado venci medos, ultrapassei
barreiras, ao teu lado dei as gargalhadas mais genuínas, ao teu ouvido disse o
que na alma tinha. Em ti senti o amor puro, a paixão desenfreada, o prazer
desmedido.
O teu cheiro, os teus
cabelos, o teu sorriso, a tua voz, a tua pele, a tua ternura, a tua garra, tudo
teu ainda me percorre o corpo, ainda me preenche a alma. Tenho saudades…
Não sabia se era para
sempre, nunca ninguém o sabe, mais, nós nunca o procurámos, acho que sabíamos
que tudo tem o seu tempo, nunca cobraste, nunca exigiste de mim, nunca pediste
para não voltar para casa, nunca pediste que a deixasse, talvez soubesses que
era melhor aproveitar ao máximo o que vivíamos e que nunca poderíamos ficar sempre…
Mas sim eu amava-te,
aliás ainda te amo e fazes-me muita falta, faltas-me.
Ela:
Faz hoje um mês que
foste embora e ainda me sinto vazia. Acreditas que ainda não chorei, que ainda
não gritei de dor. As tuas coisas ainda estão por aqui, a nossa música ainda
toca no iPod, as nossas fotos ainda estão espalhadas, os teus livros, os teus
Moleskines cheios de histórias, as canetas bic que tanto aprecias, tudo está
aqui.
Vivo disto, de
recordações, do teu cheiro que ainda me preenche cada poro de pele, quando
fecho os olhos, arrepio-me, as borboletas voam-me na barriga…
Eu sempre soube que
não ias ficar muito tempo, que a nossa história teria um fim, prefiro pensar
numa interrupção física, pois amar-te-ei para sempre. O que sentimos, o que
vivemos é maior que a distância que nos separa e levar-te-ei comigo no coração,
passear-te-ei para sempre em mim.
Ainda te amo e vou
amar-te sempre.
Ele:
Passaram 8 meses
deste a última vez que aí estive, ainda me fazes tanta falta. Hoje consegui ser
feliz outra vez, fui pai, sim ele já nasceu, é tão bonito, tão pequeno, tão
perfeito, gostava que o conhecesses, que lhe pegasses!
Ainda te amo tanto,
sinto que ainda me amas também, o amor entre nós nunca irá acabar.
Nunca pensei ser
possível, mas também amo esta outra vida, amo-a a ela, é uma boa mulher, uma
boa mãe, não lhe consigo fazer mal e amo tanto esta pequena parte de mim que
hoje nasceu.
Lembras-me do nosso
primeiro beijo? Chovia, beijámo-nos e ficámos parados à chuva, mais do que os
nossos lábios, os nossos olhares uniram-se finalmente. Prisioneiro de ti, dos
teus lábios, dos teus olhos, do teu sentir. Penso muito nesse dia, de como
finalmente ganhei coragem e de ti me aproximei, há muito que já te queria, há
muito que já te amava secretamente e no fundo já sentia que me amavas também.
Aquele dia foi sem dúvida um dos meus dias de sorte!
Por favor sê feliz,
serei mais feliz assim, sabendo que ficas bem.
Ela:
Hoje sonhei com a
última vez que fizemos amor. Acordei a chamar por ti. Estavas tão presente em
mim, ainda te sentia dentro de mim, ainda sentia o sal das tuas lágrimas na
despedida.
Amámo-nos no chão.
Naquele dia não te
olhei, fechei os olhos e só te senti. Não queria recordar o teu rosto naquele
dia em que me amaste pela última vez, estava amargo, estava consternado, já não
eras meu.
Sei que só querias
fazer as coisas bem para todos. Só vives o preto ou o branco. Durante 5 meses
viveste o arco-íris, eu sei, vivemos todas as cores, mas não te permitiste
mais. Deixaste-nos morrer…
Compreendo.
Até aceito.
Mas nunca te
esquecerei e serás sempre meu prisioneiro, não sairás da minha pele, do meu
coração, da minha alma, da minha memória.
Ele:
Estou feliz, ele chamou-me
pela primeira vez papá!!
Imagino-te feliz
também. Por favor diz-me que estás feliz!
Vamos fechar isto?
Esta foi a última
frase que te disse… Não foi a mais bonita, foi a certa… Eu sei que não
poderemos nunca fechar, estarás sempre no meu coração, és a minha metade. Tudo
devia ter acontecido antes, teria sido tão mais fácil, aliás teria sido perfeito,
mas encontrámo-nos tarde, eu tinha outra vida, outra mulher a quem devo amor,
respeito e fidelidade.
Obrigada por me
compreenderes.
Ela:
Hoje acredito no
destino, acredito em almas gémeas, acredito que a nossa metade anda por aí à
solta, perdida. Nem todas se encontram, há quem viva sem nunca saber quem é, só
porque nunca encontrou a sua outra parte. Só posso dar graças, agradecer, sou
uma privilegiada, uma sortuda, faço parte dos poucos que encontram a sua
metade. Eu sei que tu existes, eu sei que contigo tudo é perfeito.
Encontrámo-nos tarde demais, foi isso.
Já não sofro, sou
feliz.
Ele:
Recomecei a viver na
plenitude, vivo a tua ausência com tranquilidade, vivo todos os dias com
respeito pela vida, pelo que dela já recebi. Faço o que melhor sei, escrevo
sobre gente, sobre vidas, sobre amor, alcancei o reconhecimento. Tenho a vida
que sempre pensei ter, o sucesso profissional, a intensidade, as viagens, a
família e a minha metade, tu!
Amo-te
Ela:
Recomeços, sim
acredito neles, são bons, dão-nos esperança, fé. Hoje vi-vos passar, aos três,
não me viste, estavas feliz e eu estou feliz por isso. Vivo cada dia como se
fosse o último, sim quero aproveitar, quero viver com alegria, com fé, com
energia, quero deixar a minha marca aqui. É esta a minha nova forma de ser, de
estar e de agradecer à vida por te ter encontrado, a ti, minha metade!
Amo-te
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